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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

RESUMO: "UM DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS"

Com todo o campo teórico mapeado e estabelecido pelos grandes cientistas entre os séculos XVIII E XX é possível dizer que em termos científicos vivemos ainda no século XIX. Nesse período de transição é preciso uma reflexão sobre as catástrofes ecológicos ou guerras nucleares combinada ao rigor cientifico, por isso a urgência de responder aos questionamentos do mundo. Atualmente a racionalidade orienta  a ciência moderna, isto desde a revolução cientifica (século XVI), que se diferencia entre o senso comum e os estudos humanísticos, sendo também um modelo totalitário, negando o caráter racional a qualquer forma de conhecimento. Os principais traços do novo paradigma cientifico é uma nova visão de vida e de mundo, lutando de todas as formas contra o dogmatismo e a autoridade. A ciência moderna opõe a incerteza da razão, mas não dispensa qualquer observação dos fatos, e assim pode-se elevar a um conhecimento mais aprofundado da natureza como, por exemplo, a matemática que fornece a ciência moderna a analise e a lógica da investigação e a representação da estrutura da matéria e assim saber significa quantificar e se não for irrelevante. Para compreender o mundo é preciso conhecer e assim dividir e classificar para determinas as relações sistemáticas do que se separou. A ciência moderna estabelece-se na necessidade de selecionar o que se determina relevante para os fatos a serem observados e regularizar onde é possível observar e medir com mais rigor. As leis da natureza baseam-se no conceito de casualidade, ou seja, a posição e o tempo absoluto nunca serão condições iniciais relevantes. O senso comum é rompido do conhecimento cientifico a partir da causa formal que privilegia o funcionamento das coisas. A pré-condiçao da transformação tecnológica do real é uma forma de conhecimento que constitui um dos pilares da idéia de progresso. A ciência moderna racional aos poucos foi entornando para o estudo da sociedade, tornando possível prever os resultados das ações coletivas. A consciência filosófica da ciência moderna formulada no racionalismo e no empirismo condensa-se no positivismo. Apesar de superáveis, a oposição entre ciências sociais e as ciências naturais causam obstáculos, tais como não dispor de teorias explicativas, para a comprovação adequada; não estabelecerem leis universais; não produzirem previsões sobre o conhecimento adquirido; não captam pela objetividade do comportamento, alem disso não são objetivos. A causa e efeito do atraso das ciências sociais é a falta de um consenso paradigmático, já que nas ciências naturais, o desenvolvimento do conhecimento tornou possível a elaboração de princípios e de teorias, designado por paradigma. A ciência social será sempre subjetiva assim como a ação humana é essencialmente subjetiva. Diante disso, o comportamento humano não pode ser explicado a partir de características exteriores e objetivas. O modelo de racionalidade cientifica atualmente atravessa uma crise irreversível, isso desde a revolução cientifica iniciada com Einstein e a mecânica quântica. Einstein constituiu a relatividade da simultaneidade dos acontecimentos, apesar de não poder ser verificada é pelo menos definida. A mecânica quântica segundo Heisenberg e Bohr não se pode observar ou medir um determinado objeto sem intervenção humana, por isso não conhecemos do real aquilo que não é interferido, como na redução dos erros da mediação de velocidade e posição das partículas, pois o resultado de uma afetará à outra. Com isso só é possível adquirir resultados próximos, através da probabilidade. A terceira condição da crise do paradigma esta ligada ao rigor da matemática, da sua incompletude que contribui tanto para a construção, quanto para a destruição. Constitui a quarta condição da crise do paradigma, o avanço dos últimos vinte anos nas áreas da biologia, química e microfisica. Propiciando uma profunda reflexão sobre o conhecimento científico, feito pelos próprios cientistas competentes que analisam agora, as condições sociais, culturais e organizacionais. A formulação das leis da natureza funda-se na idéia de que os fenômenos dependem de condições observadas e mediadas. Na biologia os fenômenos são mais visíveis e o casualismo tem dado lugar ao finalismo. O conhecimento cientifico é uma forma rigorosa de afirmar a personalidade do cientista destruindo a personalidade da natureza e assim escondendo os limites de compreensão de mundo. O rendimento de uma experiência é definido pela relação entre a informação alcançada e a simultaneidade. A experiência rigorosa é irrealizável já que necessitaria de varias atividades humanas e sua precisão é limitada pela confirmação da irredutibilidade das totalidades orgânicas. Muitas sínteses já foram apresentadas, diante dos sinais da crise do paradigma, mas todas elas motivadas pela imaginação pessoal. Para essa realidade é necessário destacar as teses e suas justificativas de um paradigma social. Com a dissociação entre as ciências naturais e as ciências sociais, o novo paradigma tende a não ser um conhecimento dualista e na medida em que essas ciências se aproximam, as humanidades tendem a serem transformadas e revalorizadas. O conhecimento é rigoroso e disciplinado, a partir do paradigma emergente ele passa a ser parcelado, ou seja, apesar do conhecimento ser total ele é constituído por temas que são galerias de conhecimento que progridem e incentiva teorias desenvolvidas localmente a emigrarem e assim serem utilizados fora do seu contexto de origem. Considerando que a ciência não apenas descobre, mas também cria, não podemos confiar a ela como uma única explicação da realidade. É necessário saber viver com outras formas de conhecimento, sendo ele mais compreensivo e intimo, tornando este paradigma, mas contemplativo do que ativo. Apesar da ciência moderna se opor contra o senso comum, a ciência pós-moderna se agrega ao senso comum para o enriquecimento da relação homem X mundo.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. – 4. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

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