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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Resenha da obra: Transgressão e Mudança na Educação os projetos de trabalho

Hernández, Fernando. Transgressão e Mudança na Educação os projetos de trabalho; trad. Jussara Haubert Rodrigues - Porto Alegre: ArtMed, 1998.

Fernando Hernández é doutor em Psicologia e professor de História da Educação Artística e Psicologia da Arte na Universidade de Barcelona. O autor baseia-se nas idéias de John Dewey (1859-1952), filósofo e pedagogo norte-americano que defendia a relação da escola com a vida e com a sociedade, dos meios com os fins e da teoria com a prática.

Hernández defende uma mudança transformadora na escola que possa favorecer o docente, a escola e a educação. Elege o professor como um agente de transformação, principalmente aos mais desfavorecidos que necessitam melhores condições de vida. Ele visa romper com os conteúdos por disciplinas do currículo escolar e propõe trabalhos com projetos, e análises de problemas reais, próximos a realidade dos estudantes.

Afirma que a transgressão parti do principio de que o construtivismo vinculado a aprendizagem ao desenvolvimento acaba reduzindo alguns aspectos da aprendizagem. Pois o construtivismo acaba desconsiderando o conhecimento adquirido na vivencia social.

Neste sentido Hernández critica a forma de como as disciplinas são ofertadas e organizadas nos currículos escolares, visto que este pouco tem a ver com o contexto sócio-cultural da escola e dos indivíduos inseridos nela.

Atenta também para o fato de que as escolas não ajudam mais na formação social do educando, se limitando apenas a finalidade de cumprir com as provas estabelecidas pelo sistema educacional.

A transgressão remete também a desvalorização e perda de crédito no conhecimento do docente, tendo a sua autonomia invadida por idéias sociológicas, psicológicas, antropológicas que nada correspondem à realidade do ambiente da sala de aula.

Ressaltando ainda que as escolas se vejam numa situação de total incapacidade e dificuldade de dialogar diante das transformações que ocorrem na sociedade, na vida dos alunos e no ambiente escolar.

Em seguida o autor trata sobre o ensino com pesquisa e projetos, que se qualifica como uma pesquisa transdisciplinar, já que é compartilhada por várias disciplinas interpretadas para uma busca de resolução de problemas e uma aproximação da realidade do contexto social como objeto de estudo.

Por fim, determina que enquanto o currículo de trabalho disciplinar abrange os conteúdos disciplinares como estudos individuais através de textos avaliados por provas, tendo o professor como um especialista, o currículo transdisciplinar por sua vez já compreende o conhecimento como uma aprendizagem construído através de temas, pesquisas e projetos centrados na realidade da sociedade e tendo o professor como um facilitador.
A leitura da obra torna-se de suma importância para compreender os processos pelos quais perpassa a educação diante das novas abordagens metodológicas.
Contribuindo para aprofundar os conhecimentos no que se refere ao ato de ensinar e estabelecer uma correlação entre o contexto social, a escola e a educação com o indivíduo.

Finalmente, a obra concebe aos docentes uma visão de potencialidade da educação mesmo diante do descaso dos órgãos responsáveis e das dificuldades do sistema educacional do Brasil.

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