Henri
Wallon nasceu na França em 1879. Viveu num período marcado pelas duas guerras
mundiais (1914 -1918 e 1939 – 1945). Em 1925 funda um laboratório destinado à
pesquisa e ao atendimento de crianças ditas deficientes. Em 1942, filiou-se ao
Partido Comunista, do qual já era simpatizante.
Manteve ligação com o partido
até o final da vida. Em 1948 cria a revista “Enface”. Faleceu em 1962. Para
situar a psicologia como campo de conhecimento é necessário superar o dualismo,
que se dá entre Henri Wallon que determina a reflexão do sujeito sobre suas
sensações e imagens mentais, propondo a consciência como ponto central da
psicologia e os materialistas que afirmam as bases biológicas como ciência
psicológica. Wallon concorda que numa função psíquica é necessário um
organismo, porém, ele afirma que o objeto da ação mental depende dos grupos ou
ambiente que o individuo se insere. Entre esses fatores, Wallon identifica a
existência do homem como uma associação às exigências do organismo e da
consciência. Assim constitui a psicologia como uma ciência situada entre o
campo das ciências sociais e naturais. O projeto teórico de Wallon consiste em
estudar a criança em seu contexto. Para isso, recorreu a diversos dados
provenientes da psicologia genética e de outros campos de conhecimentos. O
estudo deixou evidentes as relações entre movimento e psiquismo. No estudo do
desenvolvimento humano da criança contextualizada é determinado que a cada
idade estabelece-se um tipo particular de inteiração entre a criança e o meio.
Os fatores orgânicos dependem da idade e das características individuais. Além
disso, para o desenvolvimento biológico é necessário à linguagem e
conhecimento, presente desde a aquisição de habilidades motoras até o
amadurecimento do sistema nervoso. Para a psicogenética Walloniana o ritmo das
etapas não segue uma linearidade e vai de uma simples ampliação, para uma
reformulação. As formas de conduta de uma criança passam por conflitos de
origem exógena e endógena, mesmo ela estando estável em relação com o meio. Em
cada obra, Wallon descreve as características do desenvolvimento em diferentes
idades. Essas características correspondem aos recursos que o meio
disponibiliza a criança. Ate o terceiro ano a criança adquire maior manipulação
de objetos, desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. Dos três aos
seis anos, personalismo acontece a construção da consciência de si. Por volta
dos seis anos, traz importantes avanços no plano da inteligência. Na
adolescência ocorre a necessidade de definição de um novo contorno a
personalidade e também acorre a ação hormonal. No processo de integração e
diferenciação há uma alternância funcional que incorpora as conquistas
realizadas a cada estágio. No primeiro estágio a presença física das pessoas se
torna indispensáveis, pois a afetividade impulsiva emocional se desenvolve a
partir daí. Após isso, a afetividade se racionaliza e as funções antigas se integram
com as mais recentes. Outra característica das funções psíquicas é chamada de
jogo funcional, atividade lúdica mais primitiva que no caso da criança explora
os efeitos recém adquiridos. Uma pessoa é constituída de campos funcionais que
surgem gradativamente modificadas no inicio do desenvolvimento, assim adquiri
domínios distintos de atividades. O recém-nascido através das interações
sociais vai diferenciando “o eu e o outro”. Para isso ele passa por
indiferenciação e dispersão, aderindo às situações e circunstancias. Diante
disso, Wallon se contrapõe a Piaget quando ele passa da consciência individual
a uma consciência social. Um recém-nascido só será capaz de diferenciar o seu
corpo das superfícies exteriores com a interação com os objetos, e claro com o
seu próprio corpo. O eu corporal se forma na primeira etapa que ocorre no
primeiro ano de vida. A criança no processo de construção do eu corporal se
confunde em meio aos objetos e as situações do seu meio. Após isso, predomina a
atividade de imitação. O conflito eu-outro chega até a adolescência onde há
necessidade da reconstrução da personalidade, mas, de uma forma mais
consciente. A emoção origina-se da consciência e seu estudo para Wallon
distingue-se em duas tendências. Uma vê a emoção como algo incoerente e
tumultuada. A outra vê algo como disponibilidade energética, uma situação
positiva. Contraditório a ele mesmo, Wallon identifica a emoção numa lógica
linear. Na vida adulta as emoções são mais contidas. Diante dos gritos e das
gesticulações do recém-nascido o adulto não consegue ficar indiferente, pois o
bebê depende dele para a sua sobrevivência. Suas atitudes diferem em menos
tensa, mais harmoniosa e assim vão se expressando de acordo com as suas
necessidades. A essas diferentes atitudes os adultos do seu meio vão atribuindo
as mais diversas sensações que um ser humano - mesmo que um bebê - precisa.
Assim desenvolve uma comunicação entre o bebê e o adulto. Os termos emoção e
afetividade não podem ser confundidos, já que na afetividade se inserem várias
manifestações. As emoções são caracterizadas pelo caráter que cada meio humano
expressa através das alterações orgânicas, faciais e gestos. Com a aquisição da
linguagem é possível as manifestações afetivas – como os sentimentos – que não
implicam com as modificações visíveis do exterior. Com a analise Walloniana é
possível classificar as emoções de acordo com o grau de tensão muscular a que
estão vinculadas. No recém-nascido uma forte tensão transforma em contorções e
espasmos, surgindo assim crises emotivas. A emoção se estabelece através do
efeito que causa no meio social. A emoção propicia a coletividade, tornando a
adaptação ao meio mais confortável. Wallon atribui o estudo do movimento ao do
músculo responsável por sua realização. O início da dimensão cognitiva do
movimento da criança inicia-se a partir do primeiro ano da criança. A função
tônica mantém uma ligação com o movimento do corpo. Todo movimento necessita de
dois segmentos: a regulação do equilíbrio e a segmentação corporal. No caso de
imobilidade o corpo se sustenta intensamente. A atividade intelectual reflete o
curso do pensamento. A função postural sustenta a atividade reflexão mental.
Wallon determina que um cenário corporal expressa o pensamento do individuo. Os
atos motores se integram à inteligência, passando pelo processo de
internalizaçao. Com ampliação cognitiva a criança age independente do adulto no
mundo físico. As crianças ajustam seus atos motores de acordo com as
necessidades do cotidiano. Wallon chama de disciplinas mentais a capacidade de
controle do sujeito sobre suas próprias ações. Os estímulos exteriores
interferem na atividade da criança e assim esse estímulo controla o sujeito. A
motrocidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e o
movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. A linguagem, Wallon
elegeu como objeto de destaque de seu estudo. No contexto de sua psicologia
genética Henri Wallon afirma que a inteligência é uma parte do todo em que a
pessoa se constitui.
GALVÃO,
I. Henri Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 7
ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
Vc poderia me ajudar? Queria saber o significado deste trecho de Wallon "é um ser unico, não dividido corpo e e mente, mais integrado em seus sistemas, correlacionados entre si. Então as emoções, o aprendizado, os aspectos neurologicos, tudo é um só conjunto e a evolução de um desses campos interfere no outro".
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