Páginas

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

RESUMO "HENRI WALLON: UMA CONCEPÇÃO DIALÉTICA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL"


Henri Wallon nasceu na França em 1879. Viveu num período marcado pelas duas guerras mundiais (1914 -1918 e 1939 – 1945). Em 1925 funda um laboratório destinado à pesquisa e ao atendimento de crianças ditas deficientes. Em 1942, filiou-se ao Partido Comunista, do qual já era simpatizante.
Manteve ligação com o partido até o final da vida. Em 1948 cria a revista “Enface”. Faleceu em 1962. Para situar a psicologia como campo de conhecimento é necessário superar o dualismo, que se dá entre Henri Wallon que determina a reflexão do sujeito sobre suas sensações e imagens mentais, propondo a consciência como ponto central da psicologia e os materialistas que afirmam as bases biológicas como ciência psicológica. Wallon concorda que numa função psíquica é necessário um organismo, porém, ele afirma que o objeto da ação mental depende dos grupos ou ambiente que o individuo se insere. Entre esses fatores, Wallon identifica a existência do homem como uma associação às exigências do organismo e da consciência. Assim constitui a psicologia como uma ciência situada entre o campo das ciências sociais e naturais. O projeto teórico de Wallon consiste em estudar a criança em seu contexto. Para isso, recorreu a diversos dados provenientes da psicologia genética e de outros campos de conhecimentos. O estudo deixou evidentes as relações entre movimento e psiquismo. No estudo do desenvolvimento humano da criança contextualizada é determinado que a cada idade estabelece-se um tipo particular de inteiração entre a criança e o meio. Os fatores orgânicos dependem da idade e das características individuais. Além disso, para o desenvolvimento biológico é necessário à linguagem e conhecimento, presente desde a aquisição de habilidades motoras até o amadurecimento do sistema nervoso. Para a psicogenética Walloniana o ritmo das etapas não segue uma linearidade e vai de uma simples ampliação, para uma reformulação. As formas de conduta de uma criança passam por conflitos de origem exógena e endógena, mesmo ela estando estável em relação com o meio. Em cada obra, Wallon descreve as características do desenvolvimento em diferentes idades. Essas características correspondem aos recursos que o meio disponibiliza a criança. Ate o terceiro ano a criança adquire maior manipulação de objetos, desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. Dos três aos seis anos, personalismo acontece a construção da consciência de si. Por volta dos seis anos, traz importantes avanços no plano da inteligência. Na adolescência ocorre a necessidade de definição de um novo contorno a personalidade e também acorre a ação hormonal. No processo de integração e diferenciação há uma alternância funcional que incorpora as conquistas realizadas a cada estágio. No primeiro estágio a presença física das pessoas se torna indispensáveis, pois a afetividade impulsiva emocional se desenvolve a partir daí. Após isso, a afetividade se racionaliza e as funções antigas se integram com as mais recentes. Outra característica das funções psíquicas é chamada de jogo funcional, atividade lúdica mais primitiva que no caso da criança explora os efeitos recém adquiridos. Uma pessoa é constituída de campos funcionais que surgem gradativamente modificadas no inicio do desenvolvimento, assim adquiri domínios distintos de atividades. O recém-nascido através das interações sociais vai diferenciando “o eu e o outro”. Para isso ele passa por indiferenciação e dispersão, aderindo às situações e circunstancias. Diante disso, Wallon se contrapõe a Piaget quando ele passa da consciência individual a uma consciência social. Um recém-nascido só será capaz de diferenciar o seu corpo das superfícies exteriores com a interação com os objetos, e claro com o seu próprio corpo. O eu corporal se forma na primeira etapa que ocorre no primeiro ano de vida. A criança no processo de construção do eu corporal se confunde em meio aos objetos e as situações do seu meio. Após isso, predomina a atividade de imitação. O conflito eu-outro chega até a adolescência onde há necessidade da reconstrução da personalidade, mas, de uma forma mais consciente. A emoção origina-se da consciência e seu estudo para Wallon distingue-se em duas tendências. Uma vê a emoção como algo incoerente e tumultuada. A outra vê algo como disponibilidade energética, uma situação positiva. Contraditório a ele mesmo, Wallon identifica a emoção numa lógica linear. Na vida adulta as emoções são mais contidas. Diante dos gritos e das gesticulações do recém-nascido o adulto não consegue ficar indiferente, pois o bebê depende dele para a sua sobrevivência. Suas atitudes diferem em menos tensa, mais harmoniosa e assim vão se expressando de acordo com as suas necessidades. A essas diferentes atitudes os adultos do seu meio vão atribuindo as mais diversas sensações que um ser humano - mesmo que um bebê - precisa. Assim desenvolve uma comunicação entre o bebê e o adulto. Os termos emoção e afetividade não podem ser confundidos, já que na afetividade se inserem várias manifestações. As emoções são caracterizadas pelo caráter que cada meio humano expressa através das alterações orgânicas, faciais e gestos. Com a aquisição da linguagem é possível as manifestações afetivas – como os sentimentos – que não implicam com as modificações visíveis do exterior. Com a analise Walloniana é possível classificar as emoções de acordo com o grau de tensão muscular a que estão vinculadas. No recém-nascido uma forte tensão transforma em contorções e espasmos, surgindo assim crises emotivas. A emoção se estabelece através do efeito que causa no meio social. A emoção propicia a coletividade, tornando a adaptação ao meio mais confortável. Wallon atribui o estudo do movimento ao do músculo responsável por sua realização. O início da dimensão cognitiva do movimento da criança inicia-se a partir do primeiro ano da criança. A função tônica mantém uma ligação com o movimento do corpo. Todo movimento necessita de dois segmentos: a regulação do equilíbrio e a segmentação corporal. No caso de imobilidade o corpo se sustenta intensamente. A atividade intelectual reflete o curso do pensamento. A função postural sustenta a atividade reflexão mental. Wallon determina que um cenário corporal expressa o pensamento do individuo. Os atos motores se integram à inteligência, passando pelo processo de internalizaçao. Com ampliação cognitiva a criança age independente do adulto no mundo físico. As crianças ajustam seus atos motores de acordo com as necessidades do cotidiano. Wallon chama de disciplinas mentais a capacidade de controle do sujeito sobre suas próprias ações. Os estímulos exteriores interferem na atividade da criança e assim esse estímulo controla o sujeito. A motrocidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e o movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. A linguagem, Wallon elegeu como objeto de destaque de seu estudo. No contexto de sua psicologia genética Henri Wallon afirma que a inteligência é uma parte do todo em que a pessoa se constitui.

GALVÃO, I. Henri Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

Um comentário:

  1. Vc poderia me ajudar? Queria saber o significado deste trecho de Wallon "é um ser unico, não dividido corpo e e mente, mais integrado em seus sistemas, correlacionados entre si. Então as emoções, o aprendizado, os aspectos neurologicos, tudo é um só conjunto e a evolução de um desses campos interfere no outro".

    ResponderExcluir